terça-feira, 20 de março de 2012

EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL E SEUS ASPECTOS PSICOMOTORES




Historicamente, a Educação Física tem priorizado e enfatizado a dimensão biofisiológica. Entretanto, a partir da metade do século entra em cena a psicomotricidade, de forma muito atuante e com uma visão de ciência e técnica. Novas questões, advindas da percepção da complexidade das ações humanas, têm sido trazidas por esse outro campo científico. Passa-se a observar a Educação Física a partir de uma visão mais ampla, em que o homem, cada vez mais, deixa de ser percebido como um ser essencialmente biológico para ser concebido segundo uma visão mais abrangente, na qual se considera o processo social, histórico e cultural (MOLINARI, 2002).

É sabido que, no período sensório-motor a interação da criança é bastante limitada então se predomina o brinquedo e os jogos. É por isso que os brinquedos e os jogos apropriados são uma espécie de formação sensorial que a criança necessita para um desenvolvimento são e equilibrado.

Para que o brincar se torne um ato preciso e desejado, a criança deve trabalhar seus movimentos corporais. É então chegado momento de pais e professor incentivarem a criança no melhor desempenho psicomotor para uma formação completa.


CONCEITOS DE PSICOMOTRICIDADE
Podemos citar vários autores apresentando diversos conceitos de psicomotricidade dentre eles Vayer (1986) afirma que a educação psicomotora é uma ação pedagógica e psicológica que utiliza os meios da educação física com o fim de normalizar ou melhorar o comportamento da criança.

Já Barreto (2000) nos contribui afirmando que a psicomotricidade é a integração do indivíduo, utilizando, para isso, o movimento e levando em consideração os aspectos relacionais ou afetivos, cognitivos e motrizes. É a educação pelo movimento consciente, visando melhorar a eficiência e diminuir o gasto energético.


A identidade da Psicomotricidade e a validade dos conceitos que emprega para se legitimar revelam uma síntese inquestionável, entre o afetivo e o cognitivo, que se encontram no motor. É a lógica do funcionamento do sistema nervoso, em cuja integração maturativa emerge uma mente que transporta imagens e representações e que resulta duma aprendizagem mediatizada dentro dum contexto sócio-cultural e sócio-histórico (Fonseca, 1989).
  
ASPECTOS PSICOMOTORES
A história da psicomotricidade é solidária à historia do corpo. Ao longo desta historia foram sendo registradas perguntas tais como: de que modo decodificar? Como explicar as emoções do corpo? Por que diferencia-los. (LEVIN, 1995)

As primeiras pesquisas realizadas no campo da psicomotricidade correspondem a um enfoque eminentemente neurológico. A partir de pesquisas com pacientes com lesões neurológica, o termo psicomotricidade começou a surgir e se dar importância ao corpo.

Por isso, é importante o conhecimento do corpo para o desenvolvimento psicológico da criança, haja vista que a evolução da imagem corporal é acompanhada do desenvolvimento cognitivo e emocional não são partes dissociadas, ao contrario, estão associadas podendo uma parte intervir e influenciar à outra.

O corpo Apropria-se das emoções e das representações, é o lugar por onde a comunicação se estabelece, embora não seja uma linguagem falada é estruturalmente o centro da linguagem emocional.

A linguagem corporal é um meio de comunicação com o eu interior e com o mundo exterior. Através do movimento a criança pode perceber e sentir o espaço, a dimensão a velocidade e o ritimo do seu corpo.

Segundo Fonseca (1995) o desenvolvimento psicomotor é estudado, analisado e mensurado através de diferentes elementos e/ou fatores dentre eles podemos citar a noção do corpo, estruturação espaço temporal, lateralidade, equilíbrio, tonicidade, praxia global e praxia fina.

Já para Lima e Barbosa (2007) a psicomotricidade está associada à afetividade e à personalidade e é fundamental no desenvolvimento nos padrões motores básicos de locomoção, manipulação e tônus corporal.

JOGOS PEDAGÓGICOS
Denomina-se jogo, situações como disputar partida de xadrez, um gato que empurra uma bola de lã, um tabuleiro com piões e uma criança que brinca de boneca (Kishimoto, 1994).

Estas e outras definições de jogo fazem com que o leitor pare para refletir sobre tal palavra e ação, passe a se perguntar, Qual o verdadeiro significado de jogo? Qual a função principal do jogo? No decorrer desta pesquisa tentarei esclarecer todas as duvidas e responderei todas as perguntas principais.

Kishimoto (1994), explica o verdadeiro significado do jogo na educação, as divergências que giram em torno do jogo estão ligadas à presença de duas funções:

1. Função lúdica – o jogo propicia a diversão o prazer e até o desprazer quando escolhido voluntariamente e
2. função educativa – o jogo ensina qualquer coisa que complete o indutivo em seu saber, seu conhecimento e sua apreensão do mundo (kishimoto,1997).

Para que haja um bom aprendizado da criança tem que haver um equilíbrio entre as duas funções, lúdica e educativa, não permitindo que a criança viva só a sua ludicidade, pois assim eliminará a função educativa ou, quando a função educativa elimina todo hedonismo, resta apenas o ensino (Kishimoto, 1997).

É através do jogo, do brinquedo e da brincadeira que a criança compreende sua sociedade e sua cultura, pois eles são portadores de seus valores e permitem, ao mesmo tempo, a construção de significados e interpretações que se adaptam a diversas realidades (SANTOS, 2000).

Ao brincar, a criança desenvolve uma das mais importantes funções psicológica superiores que é a imaginação (SANTOS, 2000).

Quando uma criança pega uma boneca e representa o papel de mãe ou de filha utilizando a fala da sua própria mãe, colocando a boneca de castigo, levando ao medico, saindo para passear, colocando para dormir, esta exercitando com as faz-de-conta tarefas que serão desenvolvidas na fase adulta.

No sexo masculino há uma representação ligada a um ídolo que está acostumado a ver na televisão, por exemplo, quando um garoto pega uma bola de futebol ele se lembra do seu ídolo e logo se personifica utilizando características do jogador, palavras ou frases utilizadas pelo mesmo. É muito comum encontrar meninos brincando de ser o seu super-herói preferido ou, a imitar o seu melhor amigo.

Levando para uma sala de aula de educação física, em muitas escolas onde a educação é tradicional, o momento mais esperado é a aula de educação física pois são nelas que os alunos terão a liberdade de explorar todo movimento corporal, proporcionando assim um maior conhecimento do próprio corpo e dos amigos.

No processo de desenvolvimento, a criança começa usando as mesmas formas de comportamento que outras pessoas inicialmente usaram em relação a ela. Isto ocorre porque, desde os primeiros dias de vida, as atividades das crianças adquirem um significado próprio num sistema de comportamento social, refratadas através de seu ambiente humano, que a auxilia a atender seus objetivos. (OLIVEIRA, 1994).

O PAPEL DO EDUCADOR FÍSICO NO ESPAÇO EDUCATIVO
Defendemos que a educação física deve ser inclusiva, esquecendo de uma vez por todas a idéia de “aluno padrão”, “corpo perfeito”, “rendimento”, e “aptidão física”, possibilitando que todos independentemente de suas limitações, possam participar nesse sentido, acreditamos ser necessárias mudanças de paradigmas, de epistemologia do professor.

Quanto à educação física adaptada como veiculo de promoção para Pessoas Educacionais Especiais. Promoção no sentido de crescimento, tendo em vista, a ampliação de possibilidades de desenvolvimento cognitivo, afetivo, psicomotor e psico-social.

Segundo De Meur (1984) no início da escolaridade aparecem as dificuldades escolares de muitas crianças. O problema não está no nível de classe em que elas se encontram, mas no nível da base. A estrutura da educação psicomotora centra-se no nível da base, onde estão os elementos básicos ou pré-requisitos que são as condições mínimas para uma boa aprendizagem.

Cabe ao professor de Educação Física aplicar atividades conscientes, onde possa desenvolver na criança capacidade motora como: freio inibitório, percepção espacial, percepção óculo manual e óculo pedal, lateralidade (direito, esquerdo, em cima em baixo, frente e trás), e coordenação motora fina, a mesma que por sinal, responsável pela coordenação motora na escrita.

O que muita das vezes acontece é um verdadeiro treinamento esportivo onde visam colocar os alunos como verdadeiras maquinas de rendimento nos quais a finalidade maior é de obter melhores resultados nas competições interescolares.

Ao contrario do que muitos pensam a educação física escolar não deve ser totalmente dissociada do esporte, já que um dos seus objetivos consiste em promover a socialização interação entre seus alunos, o que há de se conhecer que o esporte proporciona. O grande questionamento que se faz a respeito do esporte na escola é que de muitas vezes transfere para o aluno uma carga de responsabilidade muito alta quanto à obtenção de resultados, o que afeta a criança psicologicamente de forma negativa. (Barros Neto, 1997).

Um dos fatores a serem trabalhados dentro de sala de aula é o espírito de cooperação entre os alunos, no entanto as atividades mais recomendáveis são atividades rítmicas, as atividades recreativas, uma vez que normalmente elas são realizadas em grupos, também é estimulada nas crianças a participação no comportamento social, domínios de si mesma, alto controle e respeito ao próximo.

Portanto a Educação Física torna-se indispensável no programa disciplinar das escolas de ensino básico principalmente no ensino fundamental, uma vez que nesta fase a criança começa a sistematizar os seus conhecimentos adquiridos em sala de aula em jogos desenvolvidos durante o período escolar e automaticamente reproduzidos e adaptados nos jogos de rua. Cabe ao professor de Educação Física desenvolver atividades de acordo com cada faixa etária e sempre respeitando a individualidade biológica de cada criança.

REFERÊNCIAS

BARRETO, Sidirley de Jesus. Psicomotricidade, educação e reeducação. 2.ed. Blumenau: Livraria Acadêmica, 2000.
DE MEUR, A.; STAES, L. Psicomotricidade: educação e reeducação. Rio de Janeiro: Manole, 1984.
FONCECA, Vitor da. Manual de observação psicoomotora: significação psiconeurologica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes  Medicas, 1995.
FONSECA, Vitor. Da filogênese à ontogênese da psicomotricidade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.
FONSECA, Vitor. Psicomotricidade: filogênese, ontogênese e retrogênese. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.
KISHIMOTO, Tizuko Mochida, et al. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 1997.
LEVIN, Esteban. A clinica psicomotora: o corpo da linguagem. Petrópolis: Vozes, 1995.
LIMA, Aline Souza; BARBOSA, Silvia Bastos. Psicomotricidade na educação infantil, abril 2007. Disponível em: http://www.colegiosasantamaria.com.br/santamaria/aprendamais/ artigos/ver.asp?artigo-id=9. Acesso em 8 jun. 2007.
MOLINARI, Ângela Maria da Paz ; SENS, Solange Mari A Educação Física e sua Relação com a Psicomotricidade. Rev. PEC, Curitiba, v.3, n.1, p.85-93, jul. 2002-jul. 2003.
MEUR, A de e STAES, L Psicomotricidade: educação e reeducação. São Paulo: Manole, 1984.
OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de. L. S. Vygotsky: algumas idéias sobre desenvolvimento e jogo infantil. São Paulo: FDE, 1994, p. 43-46.
SANTOS, Santa Marli Pires dos. et al. Brinquedoteca: o corpo da linguagem. Petrópolis: Vozes, 2000.

VAYER, Pierre. A criança diante do mundo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986





Autor
Martinho Lutero Leite Cruz – CREF. 1895 / G - CE
Graduado em Educação Física – UNIFOR
Pós Graduado em Treinamento Esportivo – UECE
Pós Graduando em Fisiologia do Exercício, Atividade Física e Nutrição - UNIFOR
Supervisor Mix Academia - http://www.mixacademia.com.br/
Personal Trainner
Email: martinhopersonal@hotmail.com
Fones: (85) 87663563 ou (85) 97363664

Um comentário:

  1. Valeu Prof Lene Sem você esse blog não funcionaria...Obrigado pela força!!!!

    ResponderExcluir